sábado, 17 de outubro de 2009

Finanças na trilha da sustentabilidade

O cerco está se fechando para as empresas que ainda desdenham do assunto “sustentabilidade” e consideram os efeitos das mudanças climáticas papo de ecochato. Nos últimos meses, uma série de posicionamentos do mercado deixa claro que, no jogo em favor do desenvolvimento sustentável, não há espaço para amadores. A última novidade é a Resolução 3792 do Conselho Monetário Nacional (CMN), publicada em 29 de setembro, que obriga as fundações a mencionar em suas políticas de investimento se vão ou não adotar padrões de responsabilidade socioambiental. “O CMN inovou, trazendo uma resolução mais enxuta e que antecipa as necessidades do mercado”, comemora Lauro Araújo, diretor da área de investimentos para o Brasil da Mercer, consultoria com 25 mil clientes em 40 países e a primeira do mundo a abraçar a causa ambiental. “Desde 2003, temos um grupo de 15 pessoas dedicadas exclusivamente a esse tema, com a função de informar cerca de 250 consultores em todo o mundo”, conta Araújo.

O executivo da Mercer afirma que grandes investidores e gestores institucionais se preocupam cada vez mais em colocar seu dinheiro em empresas com gestão sustentável, especialmente no Canadá e nos Estados Unidos – país em que há US$ 3 trilhões investidos nesse tipo de ativos, o que representa 11% do mercado de fundos. “As fundações em particular entendem que, no médio e longo prazo, um negócio que não seja sustentável assume mais riscos, o que vai alterar sua estrutura de capital e seu valor de mercado percebido”, diz. E detalha: “Para saber quanto vale hoje a marca de uma construtora, por exemplo, é preciso precificar a projeção de lucro para daqui a 50 anos e trazer esse valor para o presente. Caso se descubra que a empresa está exposta a processos trabalhistas ou ambientais, deve-se descontar todos esses riscos, o que fará com que o valor percebido dela caia”.

A iniciativa deixa otimista também Elisabeth Lerner, sócia da Tripod Investiments, empresa especializada na gestão de fundos de private equity cuja missão é gerar resultados para os clientes “fomentando a prática da ética, da governança e da sustentabilidade empresarial nos negócios”. Na opinião dela, a resolução vai funcionar como motivador adicional para que os princípios de responsabilidade socioambiental sejam analisados como pontos importantes de investimento, além de aspectos como segurança e rentabilidade. “Acho extremamente positivo o CMN ter sinalizado de maneira explícita, pela primeira vez, a relevância do tema”. Veja a materia completa no site www.ethos.org.br

Um comentário:

  1. Quando será que essa realidade chegará ao Ceará? A solução estaria na educação do consumidor? ou na mudança de cultura das organizações?

    ResponderExcluir